sábado, 25 de dezembro de 2010
Outra história de Natal
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
A Morte
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Sobre os tempos de escola
_ Pode descer o cacete, por minha conta!
Eu estudava com o Nêgo, aquele que fumava escondido comigo. A gente tinha pavor de errar. Estudávamos em casa, fazíamos o dever e, quando chegávamos na escola era aquele medo. Será que íamos levar um puxão de orelha ou um cascudo?
O puxão de orelha doía mais na alma do que na orelha, na verdade. Ele nos tirava o direito de errar pra poder aprender. Dependendo da cara da professora ao corrigir nossas tarefas, ou ao perceber um comportamento um pouco inadequado, a gente já se encolhia e esperava o castigo.
Esse fantasma do puxão de orelha ainda me persegue até hoje. Tenho muito medo de errar, ou fazer algo que desagrade a alguém e levar um puxão de orelha. Ainda encontro por aí muitas professoras que preferem dar um puxão de orelha a ensinar o que é certo ou aceitar que você teve dificuldade em assimilar algo. Ainda me encolho, esperando o castigo que virá, de uma forma ou de outra.
Estou aqui encolhidinho agora, vai doer... Eu sei que vai.
terça-feira, 6 de julho de 2010
Uma pequena história de amor
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Sobre os mistérios da noite.
_Vamos dormir, comadre Dolores. Hoje é dia do Seu Antônio virar lobisomem.
Dito isso, deram umas risadas e foram deitar. Ao acabarem suas rezas e já debaixo das cobertas, ouviram as galinhas alvoroçadas no galinheiro. Ficaram quietas e viram que o barulho se aproximava. Quando menos esperavam, a parede da cozinha veio abaixo. Levantaram e correram até lá para ver e puderam avistar o bicho se afastando. Era um porco peludo e enorme, com a traseira mais alta do que a parte da frente que ia em disparada pela estrada na frente da casa. Sim, era o lobisomem. O Seu Antônio tinha resolvido se vingar da brincadeira das duas, e de quebra faturar umas bostinhas no galinheiro.
A mãe sempre contava essas histórias na hora da gente ir pra cama e eu sempre rezava uma Ave Maria extra, pro caso do Seu Antônio ainda estar vivo.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Até onde vai a bondade!
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Como me despedi de 2009 e comecei 2010
_E aí Cara? O que vai fazer no Ano Novo?
_Nada. Tô sem grana e minha viagem miou.
_Quer ir pra Copacabana? Cinquentão, tá faltando um no carro!
_Ida e volta?
_Ida e volta.
_Bóra!
Falei com minha tia,que ia me financiar o restante da viagem e mais 15 contos pra eu comer, que ia viajar com o pessoal do curso q tou fazendo e marquei de conehcer o cara no outro dia, véspera da viagem.
Chego na cidade e encontro o fulano. Regata, bermuda e tênis. Cara de 30 e poucos de longe... Enfim, era alguém que poderia se passar como amigo em uma cidade como o Rio de Janeiro sem me fazer passar vergonha. Conversamos e combinamos a hora de sair no dia 30. Sairíamos às 23 e pouco pra chegar de manhã e conseguir vaga no estacionamento perto da praia.
Me arrumei e fui pra cidade. Encontrei o distinto que parecia ter ficado marinado em algum perfume da Avon (nada contra, acho ótimo). Fomos pro posto de gasolina esperar o carro.
_Olha, o carro não é lá o que você está acostumado não. É meio velhinho.
Essa advertência me fez gelar. Imaginei algo no estilo Flintstones. Antes fosse!
Chega um Chevette vermelho rebaixado, ano 84 segundo o dono. Dentro dele o motorista, carinhosamente apelidado de Sapão, um casalzinho de 20 e poucos e muita tralha. As paredes internas do carro forradas por um treco brilhante que imitava piso de ônibus e um cheiro de mofo quase inebriante. Sapão proferiu suas primerias e animadoras palavras:
_Acha q o chevettinho guenta? Minha irmã falou que ele não passava de Juiz de fora.
Entramos. Estava chovendo pouco e eu dei graças a Deus q o carro não passava de 80km/h.
Como tenho pernas compridas eu fui na frente, do lado do Sapão, como co-piloto. Ele me entregou um papel que parecia ter sido escrito por uma criança de 5 anos com dislexia severa e disse que era o mapa pra cortar os pedágios. Eu teria que decifrar aquilo e achar o caminho. Quem me conhece já sabe a merda que deu. Eu malemal sei ler uma receita escrita de forma correta, quanto mais os escritos de um homem-sapo. Fui colocar o cinto, e percebi q ele funcionaria tão bem quanto uma fita crepe.
Começamos a viagem. Entramos em lugares que nem pareciam habitados, estradas que pareciam q iam acabar ali no meio do nada. Cada quebra-molas parecia a muralha da China que o tal carrinho rebaixado lutava bravamente pra atravessar. Teve momentos que achei que íamos ficar ali enganchados. Cada vez que o assoalho do carro raspava num troço daqueles um arrepio percorria minha espinha do cóccix ao pescoço.Quase uma hora e meia depois voltamos à BR e descobri que havia, mais pra frente, outro atalho desses!
Começou a chover forte. O carro que já não corria, começou a rastejar. Senti algo úmido nos meus pés. Uma goteira que fez com que tivesse que tirar meus tênis, que não secariam até o dia de voltar, me fazendo passar o tempo todo com meu par de havaianas.
Saindo dos atalhos e finalmente rumo à terra prometida, começamos a descer a serra. Quando eu pensei que poderia dormir um pouco, olho pro lado e vejo que o motorista pegou a minha vez, e dormiu antes. Gritei a primeira coisa q me veio à mente, algo como um "Arghauleaaa" e ele abriu os olhos. Fui tentando conversar com ele pra ele não dormir e ele mordeno os beiços com toda a força com o mesmo objetivo.
Mais uma hora e pouco chegamos à praia e logo achamos onde estacionar. Corri pro mar e, mesmo com chuva, agradeci a Iemanjá por estar vivo.
Estava com muito sono, pois não tinha dormido durante toda a viagem, ainda mais com a goteira nos pés. Porém, o casal cismou de trepar o dia todo no chevette, e tive que ficar perambulando pela praia com o tal que me chamou pra viagem. confesso que levei um susto quando o dito cujo colocou a sandália. Unha de torresmo! Eeeeeeeeeeeeeew. Cada vez que olhava praquela unha de torresmo era um engulho!
Não ia rolar passar a noite com o povo. Comprei um cartão e tentei desesperadamente ligar pro Marcel e Pro Silvestre, que achei serem mais difíceis de achar, uma vez que Polly morava por perto. Caixa postal. Todos os números que tentava ligar davam caixa postal. O desespero foi batendo e o cara não queria que eu ligasse pra Ciça nem pra Polly. Acho q ele não queria mulher nenhuma na jogada. Mas a certa hora, já com os pés em brasa e com areia em lugares no meu corpo que eu nem sabia existirem me agarrei ao primeiro orelhão e falei com Ciça, que estava mal e disse pra eu ligar pra Polly, minha santa Salvadora.
Depois de ameaças de ser deixado só em plena Copacabana, sem ter dinheiro pra voltar e com meus últimos trocados no carro, larguei o Unha de Torresmo falando sozinho e fui pra Ipanema. Fui ao encontro dos meus! Tomei um banho, chapei, comi a melhor macarronada de 2009 e fomos rumo à festa cantando Roberto Carlos e Daniela Mercury! A certa hora me perdi de todo mundo, ou me despedi, não me lembro. A caminho do carro, encontrei um soldado alemão. JURO! Manuel Roth, era o nome do gringo, foi ouvindo minhas merdas e me amparando até eu chegar no carro. Não me lembro o que falei, mas me lembro que ele ria muito e que chegamos no carro e fui abrindo a porta e peguei o casalzinho numa posição não muito ortodoxa. E a buça raspadinha dela não era lá muito estética. Eles se assustaram.
_Feliz Ano Novo! (foi o que eu quis dizer, embora possa ter soado um pouco diferente.)
Bem, não precisa descrever a volta, que foi mais ou menos parecida com a ida.
Queria também aproveitar e agradecer a todos os meus amigos, e em especial à Ana Paula Barbi por me dar de presente o melhor reveillon de toda a minha vida. Te amo Polly! Ticurupaco iôiô, somos Muzenza larauê!