domingo, 8 de abril de 2012

Sobre o modo de ver as coisas


Já disse aqui várias vezes que eu apanhei muito quando criança. Era cinta, chinelo, vara de marmelo ou qualquer coisa que estivesse ao alcance da mão. A mãe não era muito criteriosa na hora da raiva.
_Desgraçada! Tomara que essa mão caia pra tu não ter mais como me bater!- E apanhava mais ainda por ter sido desaforado e rogar uma praga dessas.
Mas essa mesma mão que batia para "disciplinar" era a mão que fazia carinho, que preparava com amor a comida que a gente tinha vontade pra comer quando chegava com fome da escola. Era essa pessoa que batia que fazia o mingau quente e deixava eu dormir com ela nas noites frias, coisa que fiz até os meus treze, quatorze anos. 
Estou falando tudo isso porque hoje, depois desse feriado de páscoa, pude perceber que embora as coisas não estejam como eu desejaria, eu não tenho do que reclamar. Nesses três dias, estive ao lado de amigos que me amam e querem o meu bem, não importa o quanto às vezes pareçam querer bater com a porta na minha cara. Tenho minha casa pra descansar, com meu quarto e minha cama quentinha. Tenho uma pessoinha muito especial, que me quer como um filho, e por quem tenho um amor de pai, amor que eu sequer conheci.
Não é síndrome de Pollyanna, não. É saber que há as dificuldades, há as surras que a vida nos dá. Mas saber também que são elas que fazem com que os carinhos sejam especiais e inesquecíveis. E que, depois de muito tempo achando que a vida não prestava, a gente descobre que é, sim, muito feliz!