Já quase sem perspecitva alguma para o reveillon, recebo o telefonema de uma pessoa X que conehci aqui em Barbacena. Só falava com o tal por msn e nunca o tinha visto.
_E aí Cara? O que vai fazer no Ano Novo?
_Nada. Tô sem grana e minha viagem miou.
_Quer ir pra Copacabana? Cinquentão, tá faltando um no carro!
_Ida e volta?
_Ida e volta.
_Bóra!
Falei com minha tia,que ia me financiar o restante da viagem e mais 15 contos pra eu comer, que ia viajar com o pessoal do curso q tou fazendo e marquei de conehcer o cara no outro dia, véspera da viagem.
Chego na cidade e encontro o fulano. Regata, bermuda e tênis. Cara de 30 e poucos de longe... Enfim, era alguém que poderia se passar como amigo em uma cidade como o Rio de Janeiro sem me fazer passar vergonha. Conversamos e combinamos a hora de sair no dia 30. Sairíamos às 23 e pouco pra chegar de manhã e conseguir vaga no estacionamento perto da praia.
Me arrumei e fui pra cidade. Encontrei o distinto que parecia ter ficado marinado em algum perfume da Avon (nada contra, acho ótimo). Fomos pro posto de gasolina esperar o carro.
_Olha, o carro não é lá o que você está acostumado não. É meio velhinho.
Essa advertência me fez gelar. Imaginei algo no estilo Flintstones. Antes fosse!
Chega um Chevette vermelho rebaixado, ano 84 segundo o dono. Dentro dele o motorista, carinhosamente apelidado de Sapão, um casalzinho de 20 e poucos e muita tralha. As paredes internas do carro forradas por um treco brilhante que imitava piso de ônibus e um cheiro de mofo quase inebriante. Sapão proferiu suas primerias e animadoras palavras:
_Acha q o chevettinho guenta? Minha irmã falou que ele não passava de Juiz de fora.
Entramos. Estava chovendo pouco e eu dei graças a Deus q o carro não passava de 80km/h.
Como tenho pernas compridas eu fui na frente, do lado do Sapão, como co-piloto. Ele me entregou um papel que parecia ter sido escrito por uma criança de 5 anos com dislexia severa e disse que era o mapa pra cortar os pedágios. Eu teria que decifrar aquilo e achar o caminho. Quem me conhece já sabe a merda que deu. Eu malemal sei ler uma receita escrita de forma correta, quanto mais os escritos de um homem-sapo. Fui colocar o cinto, e percebi q ele funcionaria tão bem quanto uma fita crepe.
Começamos a viagem. Entramos em lugares que nem pareciam habitados, estradas que pareciam q iam acabar ali no meio do nada. Cada quebra-molas parecia a muralha da China que o tal carrinho rebaixado lutava bravamente pra atravessar. Teve momentos que achei que íamos ficar ali enganchados. Cada vez que o assoalho do carro raspava num troço daqueles um arrepio percorria minha espinha do cóccix ao pescoço.Quase uma hora e meia depois voltamos à BR e descobri que havia, mais pra frente, outro atalho desses!
Começou a chover forte. O carro que já não corria, começou a rastejar. Senti algo úmido nos meus pés. Uma goteira que fez com que tivesse que tirar meus tênis, que não secariam até o dia de voltar, me fazendo passar o tempo todo com meu par de havaianas.
Saindo dos atalhos e finalmente rumo à terra prometida, começamos a descer a serra. Quando eu pensei que poderia dormir um pouco, olho pro lado e vejo que o motorista pegou a minha vez, e dormiu antes. Gritei a primeira coisa q me veio à mente, algo como um "Arghauleaaa" e ele abriu os olhos. Fui tentando conversar com ele pra ele não dormir e ele mordeno os beiços com toda a força com o mesmo objetivo.
Mais uma hora e pouco chegamos à praia e logo achamos onde estacionar. Corri pro mar e, mesmo com chuva, agradeci a Iemanjá por estar vivo.
Estava com muito sono, pois não tinha dormido durante toda a viagem, ainda mais com a goteira nos pés. Porém, o casal cismou de trepar o dia todo no chevette, e tive que ficar perambulando pela praia com o tal que me chamou pra viagem. confesso que levei um susto quando o dito cujo colocou a sandália. Unha de torresmo! Eeeeeeeeeeeeeew. Cada vez que olhava praquela unha de torresmo era um engulho!
Não ia rolar passar a noite com o povo. Comprei um cartão e tentei desesperadamente ligar pro Marcel e Pro Silvestre, que achei serem mais difíceis de achar, uma vez que Polly morava por perto. Caixa postal. Todos os números que tentava ligar davam caixa postal. O desespero foi batendo e o cara não queria que eu ligasse pra Ciça nem pra Polly. Acho q ele não queria mulher nenhuma na jogada. Mas a certa hora, já com os pés em brasa e com areia em lugares no meu corpo que eu nem sabia existirem me agarrei ao primeiro orelhão e falei com Ciça, que estava mal e disse pra eu ligar pra Polly, minha santa Salvadora.
Depois de ameaças de ser deixado só em plena Copacabana, sem ter dinheiro pra voltar e com meus últimos trocados no carro, larguei o Unha de Torresmo falando sozinho e fui pra Ipanema. Fui ao encontro dos meus! Tomei um banho, chapei, comi a melhor macarronada de 2009 e fomos rumo à festa cantando Roberto Carlos e Daniela Mercury! A certa hora me perdi de todo mundo, ou me despedi, não me lembro. A caminho do carro, encontrei um soldado alemão. JURO! Manuel Roth, era o nome do gringo, foi ouvindo minhas merdas e me amparando até eu chegar no carro. Não me lembro o que falei, mas me lembro que ele ria muito e que chegamos no carro e fui abrindo a porta e peguei o casalzinho numa posição não muito ortodoxa. E a buça raspadinha dela não era lá muito estética. Eles se assustaram.
_Feliz Ano Novo! (foi o que eu quis dizer, embora possa ter soado um pouco diferente.)
Bem, não precisa descrever a volta, que foi mais ou menos parecida com a ida.
Queria também aproveitar e agradecer a todos os meus amigos, e em especial à Ana Paula Barbi por me dar de presente o melhor reveillon de toda a minha vida. Te amo Polly! Ticurupaco iôiô, somos Muzenza larauê!
13 comentários:
Chorei de rir... muito bom!!
beijos!!
Ai desculpa que eu fui e voltei pro Rio de avião! hohoho
Sem contar uma das noites que passei no Sheraton do Leblon com dois australianos lindoooooos!
Sim, to fazendo inveja pq esse "tentei desesperadamente falar com o Marcel" não me convenceu nem um honorável pouquinho!
Num vejo a hora de vc vir pra SP, sinto sua falta!
E já que a Ana Paula sei lá quem te deu o melhor presente de Natal, vou pegar pra MIM o que comprei pra vc! Hunft... num to bão hj!
Bjus vinhadu!
ahan.. to morrendo de inveja dos seus australianos, marcel. vc tá parecendo aquelas fia que saem do interior pra pegar gringo e acabam virando puta no exterior. não tenho culpa se a polly atendeu o celular e vc não!
bjus
:P Reveillon bem emocionante, hein amigo??!! Fico feliz que você saiu vivo do trajeto e do susto com a mulher nua!
Nossa que loucura hein? Só você mesmo! hahahaha
Me senti quase viajando junto com vc lendo se texto! Adorei.
Pelo menos seu ano-novo foi melhor que o meu, que tive que ter como primeira música de 2010 Halo versão forró.
pequena miss sunshine. =)
...pelo menos tu não passou o ano novo acordado assistindo Bob Esponja e com parentes chatos, provenientes do excesso de cachaça. XD
vc ficou tão pouco tempo aqui... fiquei triste que a gente nao se viu. depois te explico melhor o que aconteceu aquele dia.
mas ri muito com seu texto. vc é demais. feliz ano novo, amigo!
Watch me bitch!
Olha, depois do teu relato, acho que tudo que eu possa ter passado foi pouco. Bom ano!
Detesto carro velho. Me irrita o barulho que alguns fazem. Sem falar que é uma dúvida saber se vamos ou não chegar ao destino a bordo de uma dessas relíquias do tempo.
olá só estou fazendo uma visitinha, muito bacana o blog.. bjinhos
Já fui pro litoral nuuma kombi sem freio... muito medo.
Mas diversão garantida em futuras rodas de amigos, todo mundo chora de rir.
Beijos
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