segunda-feira, 20 de abril de 2009

O pedido

Tia Fulô fez 80 anos e foi ficando com medo de morrer. Sempre ficava meio doente já alertava a família:
_ Tá chegando minha hora derradeira!
Um dia ela chega em casa com um pacote e chama a minha avó de canto:
_ Espia aqui, comadre. Essa combinação e essa calcinha eu comprei pra quando eu morrer você me vestir.
Minha avó tem pavor de gente morta, não titubeou.
_ Tá doida, comadre Fulô?  Se depender de mim, tu vai conhecer o capeta com essa xereca velha de fora!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Guerra e paz!

Em Minas temos um papagaio que atende pelo criativo nome de Lourival. Lourival é meio parecido com minha avó, deve ter adquirido um pouco da personalidade dela. Ele não gosta de qualquer um, é bem na dele e adora chuva e barulho de liquidificador. Como todo bom papagaio de roça, Lourival domina a cozinha, dorme no cantinho do fogão a lenha, aproveitando o calorzinho que remanesce da queima do dia inteiro.
Porém, um dia me chega a tia Arlete com um filhote de pomba que ela achou caída na beira da estrada. Nem precisa dizer que o ciumento do papagaio odiou a pobrezinha desde que colocou os olhos nela. A pequena pombinha dava bobeira e lá ia o Lourival pra cima dela. Resolvi dar um basta nisso!
Quem me conhece sabe, assim como sou passional, também sou apaziguador. Cheguei da escola determinado a terminar com aquela situação. Peguei Lourival do poleiro, levei até onde ficava a tal da pombinha e disse:
_ Olha, Louro! Larga a mão de ser chato, ela é sua irmã de criação agora. Pode ir ficando amigo dela!
Ele me olhou meio de banda, depois olhou para a pomba e... Zás! Deu uma bicada certeira no pescoço da meia-irmã, que capotou na hora. Antevendo a surra que tomaria por isso, tentei reanimar a pombinha, coloquei ela debaido d'água, esfreguei o peitinho dela e nada. Algum tempinho depois e ela estava dura, mortinha da Silva.
Sim, levei a surra e descobri nesse dia que, quando há uma briga, o melhor é deixar as coisas se acertarem por si próprias... Quer dizer, acho quenão aprendi tão bem assim não...