quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O nome do cachorro

Tia Fulô se pelava de medo de cachorros e cobras e demais bichos que tendem a a andar soltos. Sempre andava com uma pedra ou um pedaço de pau na mão, caso precisasse apedrejar ou dar uma cacetada em algum agressor inesperado. Mulher franzina, de pernas fracas, não aguentava correr.
Mas quando ela ia por perto, no arraial mesmo, ela andava sem nada. Sempre saía pela vizinhança para o caso de precisar de uma caneca de açúcar ou palha de milho pra enrolar os cigarros.
Um dia foi até a casa de Lena, vizinha de baixo para um desses afazeres, quando lembrou que eles haviam ganhado um filhote de vira-lata que ainda não havia sido batizado. Relutou até lá sem que soubesse o nome do cachorro pra poder ralhar com ele caso ele avançasse, mas se encheu de coragem e foi.
Como é de costume no interior ela foi logo entrando, sem chamar, quando deu de cara com o pequeno vira-latas. Achando que ia passar por ele ilesa, caminhou pela sala quando sentiu a mordida em seu calcanhar magro e gritou:
_Lena! Vem aqui dar um jeito nesse capetinha!
Pronto! Estava batizado o cachorro!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Sobre o feriado


Sé'setembro! É mais ou menos assim que falamos lá em Minas. Hoje em dia já não é tão mais tão empolgante. Mas quando criança era comemorado como se fosse festa.As escolasdaq prefeitura davam uniforme novo pras crianças pra sair no desfile na Rua XV de NOvembro, com parada pra hastear a bandeira e cantar o hino.
Mas o que eu mais gostava mesmo era que, nesses dias, passava na frente do sítioo Enduro da Independência. Pra quem nunca ouviu falar, era um evento de motocross que refazia o caminho de Dom Pedro I de Petróppolis a Belo Horizonte.Eram mais de 300 motos que passavem pela estradinha de terra do Sítio Três Morros, onde eu morava. Me lembro que o dia q as motos iam passar eu e meus primos levantávamos cedo, tomávamos banho e ficávamos empoleirados na cerca de tábuas, a contragosto do meu avô que volta e meia nos prometia umas palmadas. QUando a gente ouvia o ronco dos motores se aproximando, começava a gritaria! Era a cosia mais maravilhosa do mundo, pra quem só via o caminhão do leite e o fusquinha da vizinha da frente, ver aquele mundo de motos Honda coloridas e aqueles homens sujos de barro e vestidos com roupas que pareciam de super-herois.
O espetáculo durava pouco mais de 2 minutos. Os motoqueiros buzinavam pra gente, aceleravam e a gente gritava e abanava as mãos, como que os saudando. Sempre tinha também o retardatário, que a gente apontava e ria muito, por estar em último. Quando ele passava, a gente saía correndo atrás da moto dele que nem cachorro vira-lata, como quem quisesse dizer que a pé a gente chegava primeiro.
Porém, como tudo o que é bom dura pouco, resolveram asfaltar a estradinha pra trazer o progresso pra roça e nunca mais eu vi o enduro passar por lá.