domingo, 20 de dezembro de 2009

Sobre as horas difíceis

Hoje o dia amanheceu frio e cinzento aqui em Barbacena. Não muito diferente dos outros dias nessa época do ano, mas hoje estava particularmente frio e cinzento.
Quando acordei, a mãe já estava de pé, se arrumando. Conferiu a bolsa, as roupas, tomou café e se trocou. Sentou em seu lugarzinho na cozinha, leu seu livro de orações e ficou vendo receitas na TV. Eu tentava achar algo pra falar, mas nada me vinha à cabeça. Eu que sou um falastrão,nunca sei o que falar nas horas mais difíceis. Minha tia, pra não demonstrar o nervosismo pela situação, começou a faxinar a casa às seis da manhã e quando terminei de tomar banho já estava tudo pronto.
Chegou a Kombi. Fui com a mãe até o portão, enquanto a tia terminava de se arrumar e dava as últimas recomendações à minha prima. Vim o caminho todo sem falar nada, a não ser por um breve comentário sobre o dia frio. Foi o que consegui. Logo tive que me calar, porque senti um nó vindo à garganta, o mesmo que seguro agora enquanto escrevo.
Cheguei no portão da escola. Hora de descer.
_ Bença, mãe! Vai com Deus!
_ Amém!
Entrei rápido pelo portão e procurei não olhar pra trás enquanto a Kombi ia rumo ao hospital.
Sentei no banco do lado de fora do prédio do curso. Não consegui mais segurar o nó e ele se desatou em lágrimas. Sei que eu não deveria, que deveria ser forte. Mas o medo de perder a pessoa que mais se importa com você e que você mais ama em toda a sua vida é maior que qualquer força, é maior que qualquer discurso... É maior que a vontade de chorar...

sábado, 12 de dezembro de 2009

E eu voltei no curso, revi o meu percurso...



Pois é, quem diria que eu voltaria a morar de novo aqui tão cedo. Sempre imaginei que fosse morrer aqui, mas nunca sequer imaginei estar aqui agora. Tá certo que é algo temporário. Espero que sejam meses, um ano no máximo.
Foi uma decisão difícil, mas tomada em tempo recorde. Em uma semana apareceu a oportunidade de fazer algo diferente na minha vida tendo que, ao mesmo tempo largar tudo o que tinha conquistado nesses quase 14 anos fora. Mas decidi e assim foi feito. Estou bem grandinho pra ter medo de mudanças. Larguei emprego, casa e, o mais difícil de tudo, larguei amigos.
Minha volta não foi nada como a volta de Tieta do Agreste. Não trouxe a luz para a cidade, porque sempre teve. Também não cheguei num carro vermelho com Fafá de Belém cantando Coração do Agreste ao fundo. Mas a cada passo que dava eu podia sentir minhas memórias, boas e más, me invadindo.
Não é a coisa mais agradável do mundo entrar em contato com o passado, ainda mais quando ele traz marcas que ainda são recentes. Mas os fins justificam os meios, e foi pra isso que eu vim, vim com um objetivo, e não há nada que vai me desviar a atenção dele, não agora...