Hoje o dia amanheceu frio e cinzento aqui em Barbacena. Não muito diferente dos outros dias nessa época do ano, mas hoje estava particularmente frio e cinzento.
Quando acordei, a mãe já estava de pé, se arrumando. Conferiu a bolsa, as roupas, tomou café e se trocou. Sentou em seu lugarzinho na cozinha, leu seu livro de orações e ficou vendo receitas na TV. Eu tentava achar algo pra falar, mas nada me vinha à cabeça. Eu que sou um falastrão,nunca sei o que falar nas horas mais difíceis. Minha tia, pra não demonstrar o nervosismo pela situação, começou a faxinar a casa às seis da manhã e quando terminei de tomar banho já estava tudo pronto.
Chegou a Kombi. Fui com a mãe até o portão, enquanto a tia terminava de se arrumar e dava as últimas recomendações à minha prima. Vim o caminho todo sem falar nada, a não ser por um breve comentário sobre o dia frio. Foi o que consegui. Logo tive que me calar, porque senti um nó vindo à garganta, o mesmo que seguro agora enquanto escrevo.
Cheguei no portão da escola. Hora de descer.
_ Bença, mãe! Vai com Deus!
_ Amém!
Entrei rápido pelo portão e procurei não olhar pra trás enquanto a Kombi ia rumo ao hospital.
Sentei no banco do lado de fora do prédio do curso. Não consegui mais segurar o nó e ele se desatou em lágrimas. Sei que eu não deveria, que deveria ser forte. Mas o medo de perder a pessoa que mais se importa com você e que você mais ama em toda a sua vida é maior que qualquer força, é maior que qualquer discurso... É maior que a vontade de chorar...