Sabe
a sensação de que você sempre está fazendo algo de errado? Quando nunca ninguém
está contente com as coisas que você faz? Eu sei! Eu sinto isso a minha vida
toda. Minha vida tem sido uma luta exaustiva pra mostrar para as pessoas o que
elas querem ver. Não sei se em algum momento eu me coloquei nessa posição, mas
o fato é que a todo momento tem alguém me cobrando algo. Quando eu era
criança, o que eu mais ouvia era: "Você tem que ser o melhor da
turma!" e eu era o melhor da turma, fazia de tudo pra ter boas notas.
Fazia de tudo pra cumprir com minhas obrigações de casa, ainda que eu odiasse
ter que trabalhar enquanto o que eu queria era brincar o dia inteiro como os
filhos dos vizinhos. Eu tinha que comer tudo e comer na hora. Por incontáveis
vezes eu ficava de castigo na mesa da cozinha, comendo por obrigação. Eu não
estava com fome, mas tinha que comer tudo o que colocavam no meu prato, ou não
poderia me levantar dali. Meu tio, quando bebia, me chamava e me colocava
sentado na frente dele e me fazia ficar escutando ele falar a mesma coisa, por
horas a fio. Eu não queria ir, mas tinha que ir porque ele era meu tio, mais
velho e mandava em mim. Eu não podia desenhar porque era coisa de vagabundo. Eu
não podia ler gibis, porque era coisa que não prestava. Eu escondia revistinhas
da Turma da Mônica e da Xuxa como adolescentes escondem drogas dos pais. Quando
meus esconderijos eram descobertos, eu achava resquícios delas no fogão a lenha
e chorava, fazia isso escondido para não apanhar por chorar à toa.
Fui crescendo, mudei de escola e fui colocado em uma escola "boa", contra a minha vontade. Eu odiava aquele lugar. Continuava a cobrança para ser o melhor e eu não queria aquilo pra mim. Comecei a vagabundear, me permitindo tirar notas ruins nas matérias que eu não gostava. Consegui só algumas belas surras, chegando a ter que ir para a escolha com o olho roxo depois de uma delas e inventar uma queda da bicicleta pra justificar aquilo. Quem lê o meu blog já sabe que essa fase durou até eu vir parar em São Paulo.
Achei que em São Paulo, morando com minha mãe, as coisas iam ser diferentes. Mas eu já era quase um adulto. Fui fazer um curso que eu não queria, porque eu tinha que fazer algo que fosse útil e desse dinheiro e acabei novamente impelido a fazer uma série de cagadas na tentativa de fugir daquela situação.
O que vem a ser tudo isso? Por que eu estou com essas coisas na minha cabeça? Porque eu percebi que mesmo sendo cobrado e guiado pelos outros a vida toda, eu nunca tive de fato aquele momento em que eu dissesse um "Ei! Peraí! Não é isso que eu quero!". Apesar de me sentir desconfortável em inúmeras situações, eu tenho medo de desagradar às pessoas. Não sei falar não e quando eu tento fazê-lo, sempre sou persuadido a dizer um sim. Sei que estou sendo fraco e permissivo, mas eu não sei lidar com a frustração alheia. Se um amigo me pede um favor e eu não faço porque eu não quero, eu me sinto ingrato, me sinto mal. Mas poucas vezes eu percebo as pessoas perguntando o que eu quero. Ninguém quer saber o que eu quero fazer, o que eu quero da minha vida. Um exemplo bem simples disso é a escolha do lugar onde comemorar o meu aniversário. Tal lugar é ruim, não gosto de Karaokê, esse lugar é longe, o outro é caro ou é barato demais. Todo mundo tem uma opinião a respeito de algo e eu acho que cabe a mim ser a parte flexível.
Então resolvi a escrever esse post para que vocês, pessoas que convivem comigo, saibam que mesmo quando eu digo sim, às vezes eu quero dizer não. E acho que não precisaria explicar muito essas coisas se vocês prestassem tanta atenção em mim quanto eu presto atenção em vocês. Me ajudem a tirar das costas esse peso de agradar a todo mundo todo o tempo. Eu estou ficando exausto e me tornando uma pessoa reclusa por não achar a minha voz. Me deixem um pouco mais livre pra fazer minhas escolhas, pra gostar das coisas que eu gosto e fazer o que eu quero. Eu estou caminhando para o fim da vida e ainda não me descobri, porque o tempo todo eu penso nas pessoas ao meu redor e me esqueço de parar pra pensar em mim. E quanto mais o tempo passa, mais difícil isso está ficando e eu estou vendo que estou prestes a explodir. Sejam mais gentis comigo, procurem prestar atenção em mim um pouquinho e me ajudem a ser mais feliz porque eu não tenho dinheiro pra pagar terapia.
Fui crescendo, mudei de escola e fui colocado em uma escola "boa", contra a minha vontade. Eu odiava aquele lugar. Continuava a cobrança para ser o melhor e eu não queria aquilo pra mim. Comecei a vagabundear, me permitindo tirar notas ruins nas matérias que eu não gostava. Consegui só algumas belas surras, chegando a ter que ir para a escolha com o olho roxo depois de uma delas e inventar uma queda da bicicleta pra justificar aquilo. Quem lê o meu blog já sabe que essa fase durou até eu vir parar em São Paulo.
Achei que em São Paulo, morando com minha mãe, as coisas iam ser diferentes. Mas eu já era quase um adulto. Fui fazer um curso que eu não queria, porque eu tinha que fazer algo que fosse útil e desse dinheiro e acabei novamente impelido a fazer uma série de cagadas na tentativa de fugir daquela situação.
O que vem a ser tudo isso? Por que eu estou com essas coisas na minha cabeça? Porque eu percebi que mesmo sendo cobrado e guiado pelos outros a vida toda, eu nunca tive de fato aquele momento em que eu dissesse um "Ei! Peraí! Não é isso que eu quero!". Apesar de me sentir desconfortável em inúmeras situações, eu tenho medo de desagradar às pessoas. Não sei falar não e quando eu tento fazê-lo, sempre sou persuadido a dizer um sim. Sei que estou sendo fraco e permissivo, mas eu não sei lidar com a frustração alheia. Se um amigo me pede um favor e eu não faço porque eu não quero, eu me sinto ingrato, me sinto mal. Mas poucas vezes eu percebo as pessoas perguntando o que eu quero. Ninguém quer saber o que eu quero fazer, o que eu quero da minha vida. Um exemplo bem simples disso é a escolha do lugar onde comemorar o meu aniversário. Tal lugar é ruim, não gosto de Karaokê, esse lugar é longe, o outro é caro ou é barato demais. Todo mundo tem uma opinião a respeito de algo e eu acho que cabe a mim ser a parte flexível.
Então resolvi a escrever esse post para que vocês, pessoas que convivem comigo, saibam que mesmo quando eu digo sim, às vezes eu quero dizer não. E acho que não precisaria explicar muito essas coisas se vocês prestassem tanta atenção em mim quanto eu presto atenção em vocês. Me ajudem a tirar das costas esse peso de agradar a todo mundo todo o tempo. Eu estou ficando exausto e me tornando uma pessoa reclusa por não achar a minha voz. Me deixem um pouco mais livre pra fazer minhas escolhas, pra gostar das coisas que eu gosto e fazer o que eu quero. Eu estou caminhando para o fim da vida e ainda não me descobri, porque o tempo todo eu penso nas pessoas ao meu redor e me esqueço de parar pra pensar em mim. E quanto mais o tempo passa, mais difícil isso está ficando e eu estou vendo que estou prestes a explodir. Sejam mais gentis comigo, procurem prestar atenção em mim um pouquinho e me ajudem a ser mais feliz porque eu não tenho dinheiro pra pagar terapia.