segunda-feira, 30 de julho de 2012

Sobre o tempo


_ Você não sabe pelo que tenho passado. Você não sabe o que tem acontecido na minha vida.Não tenho tempo pra nada.

Não, realmente eu não sei. Não sei porque você não me disse. E olha que eu quis saber. Liguei, chamei pra sair, combinei encontros. Tudo em vão. Sempre havia algo inesperado, um motivo pelo qual você não poderia estar presente. Vou trabalhar amanhã. Vou estar com meus pais. Marquei com outro amigo. Estou cansado demais. Esqueci meu celular no trabalho. 
E o tempo vai passando, as coisas vão acontecendo e cada um vai guardando o que aconteceu para si. Afinal de contas, você é uma pessoa muito ocupada e não tem tempo. 
Eu devo ser um mágico, por ter tempo mesmo quando trabalho o dia todo. Por ter tempo quando estou cansado. Eu consigo até ter tempo quando eu não quero. Tenho tempo de estar com meus amigos, de contar meus problemas e ouvir os deles. Tenho tempo de brigar e fazer as pazes no mesmo dia. E, se não tenho tempo, eu seu reconhecer e assumir publicamente a minha displicência.
Infelizmente, eu não tenho tempo de agradar a todos, porque eu descobri uma coisa nova pra quem eu quero ter tempo agora. Quero ter tempo pra mim. Não, isso não é egoísmo. Porque quando eu passo um tempo com os que eu amo, não importa a merda pela qual eu esteja passando, estou usando esse tempo pra mim. Quando eu passo horas tentando escrever um post meio torto, meio rancoroso, estou usando esse tempo pra tirar de mim as coisas que me fariam mal.Eu faço o meu tempo. 
Eu quero estar com você, eu quero fazer parte de sua vida, eu tenho o tempo que for necessário. Mas é muito dividir o seu tempo com alguém. É mais fácil usá-lo sozinho, não se doar. Seja muito ocupado, Entupa-se de coisas pra fazer no seu tempo. Use-o da melhor forma possível. Só não use mais o meu, porque pra você, o que eu fiz questão de dividir com você não foi o bastante. E quanto mais passa, mais eu descubro o quão é precioso. Então, deixe eu usar o meu tempo da melhor forma, jogando ele fora junto com aqueles que não se importam em passar um tempo comigo.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sobre o Polaco

Acho que foi em 2009. Ele foi lá em casa com o João e ficou quase todo o tempo sentado no sofá. Minhas tentativas de puxar papo não foram bem sucedidas e assim como veio, foi embora. Passa-se um tempo e eu volto de Minas, depois de uma reviravolta gigante na minha vida. Encontro novamente o moleque de pouco papo em uma festa. Bebi demais e não me lembro o que conversamos. Nos encontramos de novo em outras ocasiões e um dia, no meio da bebedeira, acabou o gelo e alguém tinha que descer pra buscar. Fomos eu e ele juntos. Me lembro de um comentário que foi mais ou  menos assim:
_ Engraçado, mas eu sinto uma coisa boa quando estou perto de você. Meio que uma tranquilidade, uma paz...
_ Eu meio que sinto isso também!
Desde então nos aproximamos e passamos cada vez mais tempo juntos. Era engraçado, porque ele era totalmente o oposto de mim. Tímido demais, fechado, não sabia abraçar e não gostava de demonstrações  de afeto em público.
De repente veio o dia mais difícil da minha vida, quando perdi aquela que era minha mãe, meu ídolo, a pessoa que eu mais amei na minha vida. Eu estava desnorteado, meio anestesiado e não conseguia desabafar, nem chorar e nem nada. Fui com ele pra sua casa, depois de bebermos muito na casa de outro amigo que também estava sendo fundamental nesses dias. Mas foi ao lado dele que eu, não mais que de repente, comecei a chorar. Era um choro compulsivo, como eu nunca havia chorando antes em toda a minha vida, nem quando levava minhas surras na infância. Foi a primeira vez que senti seu abraço de verdade, no começo meio desajeitado, receoso, mas foi se tornando acolhedor, aquecendo minha alma que estava fria e despedaçada pela dor. Ali, naquele momento, eu descobri que eu tinha um amigo que estava do meu lado, que seria fundamental nas horas boas e ruins. Aquele abraço que me tirou a dor, me deu um irmão.
Hoje não sei mais viver sem o Polaco. Alguns o conhecem como André Levinski, mas pra mim vai ser sempre o meu Polaco, meu irmão de alma!